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RUA DOS JUDEUS

Rua dos judeus. Este é o nome que decidimos dar ao Site oficial da Comunidade Bnei Anussim de Pernambuco.

Nele contaremos as narrativas dos Bnei Anussim,  através da sua longa trajetória, passando pelo período do início do povoamento do Brasil e particularmente do Nordeste,  até  os dias de hoje.

Falaremos aqui de Histórias e de tradições familiares,  bem como dos usos e costumes que trouxeram os Cristãos-Novos para o estado de Pernambuco e também para outras localidades,  tais como o Rio Grande do Norte, a Paraíba,  as Alagoas,  Sergipe,  Ceará e tantos outros locais,  onde se misturaram em processos endogâmicos e de outros costumes, várias e várias famílias.

Famílias como os Pinheiro, Silva, Rodrigues,  Borges, Pereira, Cunha,  Santos,  Barbosa, Barcelos,  Macedo, Coelho, Albuquerque, Moreno, Ribeiro,  Feitosa,   e tantas e tantas outras. Que fizeram e que fazem parte do processo de criação do nosso país e que até bem pouco tempo,  não tinham e não se viam reconhecidas as suas contribuições para a própria formação do ethos brasileiro. 
  
A Rua dos Judeus tem origem no local que se denomina hoje de  Rua do Bom Jesus. Antes de ter esse nome essa mesma localidade foi chamada ainda por Rua da Cruz e Rua dos Mercadores.

A denominação de Rua dos Judeus,  sabidamente ocorreu devido ao fato de nela existir, no período de Nassau,  um grande número de comerciantes judeus e de nela também se localizar num de seus prédios uma sinagoga, a Kahal Tzur Israel,  a Rocha de Israel.

Tal Casa de Estudos, por sinal, foi uma das primeiras sinagogas existentes no Recife e hoje a mesma é  reconhecida como a Primeira Sinagoga das Américas.

É muito elucidativo,  pois, além de didático  e bastante compreensível,  por isso, o nome escolhido coletivamente pelos Bnei Anussim de Pernambuco para nomear o nosso site oficial. 

Sobretudo porque desse seu outro nome "cristão" de "Rua do Bom Jesus", se faz ecoar significamente o que por trás também desse nome muito se tentou silenciar e se esconder,  aquilo que o poder instituído e a Igreja nunca conseguiram,  evidentemente: a
cara judaica da cultura brasileira e aquela muito cristã-nova identidade Bnei Anussim especificamente pernambucana.

Sim,  a mesma essência do judaísmo  sefardita que transborda nos vários usos e costumes dessa gente proveniente da Península Ibérica e que,  por diversas formas,  falas,  oralidades,  tradições e gestos transmitiram-nos até os nossos dias também aqueles nossos ancestrais.  E que,  principalmente nos dias de hoje,  estão mais do que nunca pulsantes e em plena efervescência,  mesmo que  passados mais de 500 anos. Mesmo que "queiram ou não queiram os juízes".

Há e sempre haverá no orgulho pernambucano um ecoar de sangue e de pulsar de tradições semíticas sefarditas. Sempre haverá na alma pernambucana esses eternos encantos pelo que de belo, útil e significativo existe na Torá e nos textos proféticos velho- testamentários.

Esse conjunto de tradições e de cantos e de liturgias que nos faz ter orgulho e que nos faz ainda tão judeus como o éramos ainda em Portugal e em Espanha. Através da mesma saudade e do mesmo amor e da mesma devoção pela nossa Nefesh Iehudi (alma judaica) e pela grande tradição mosaica que tiveram os primeiros judeus e Bnei Anussim que aqui aportaram.

Toda uma história óbvia de judeus,  criptojudeus e Cristãos-novos que,  subrrepticiamente, deram eles próprios vez e voz aos exatos e indefectíveis sentidos identitários e libertários do povo pernambucano. 


A Rua dos Judeus, este é o seu verdadeiro e apropriado nome,  deve fazer ecoar em Pernambuco e no Brasil, o canto não mais lamentoso acerca dos nossos exílios e diásporas ou sobre o termos receios,  como outrora, de expressarmos abertamente o nosso credo e comportamento judaicos.

A partir de agora, a Rua dos Judeus,  por isso, deve ser uma canção alegre e um cântico  novo em honra ao Shabat,  em honra à  unicidade de Hashem, em honra à  união do nosso povo,  em honra à  cultura judaica,  em honra à memória dos nossos antepassados e em honra à nossa própria redenção.